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quarta-feira

A República e o Rei.



Eu não sou contra o Príncipe Harry visitar o Alemão e exibir sua brancura e loirice cativantes, herdados de sua mãe, uma mulher excepcionalmente linda.
Apesar de que ela, em suas visitas, deixava claro o propósito inquieto de denúncia de desigualdades, de violações aos Direitos Humanos, e tudo mais que pusesse a Coroa em saia justa, pois materializava na nobreza a demagogia britânica com relação à pobreza, ao terceiro mundo e ao discurso todo lindo que ela conhecia bem, e por dentro. 
Diana visitava lugares com um propósito, definido, queimando o próprio filme, pagando um preço alto, mas era assim que funcionava.

Também não sei se o Príncipe elaborou alguma coisa pra levar ao Alemão. Alguma proposta de desenvolvimento local, que envolva a embaixada, o governo brasileiro, um apoio aos empreendedores locais, apoio a quem apoia os empreendedores, ou se vai apenas, como Obama, bater uma bola e lucrar com marketing social espontâneo.

O Trono britânico é sinônimo de solidez, seriedade e poder. Um nobre britânico lança holofotes por onde quer que passe, e isso sem fazer a menor força. No imaginário dos ingleses, é um misto de governo, de sonho, de tradição. Agora você imagina a cena. Um representante de um lugar social tão elevado, caminhando nas vielas da favela em Bonsucesso. É lindo. Mas, foi para quê mesmo?

E também não sou eu que tenho que reclamar. Não moro no Alemão, não estou 24hs do dia vivendo e respirando as dificuldades diárias.
Eu apenas observo. E acho bobagem ficar chateado porque o Príncipe vai lá.
Isso não é de hoje. Desde quando se percebeu que a favela dá Ibope, tem celebridade indo lá. É o jogo. Não adianta enfurecer.

Eu só quero mesmo saber qual o propósito do filho de Diana ir lá. Qual o propósito. O que ele tem a dizer, se ele pensa em usar a influência dele pra alguma coisa no dia seguinte.

Você já sabe a resposta, eu também.
Ele não será o primeiro líder mundial ao pisar no Alemão. O Alemão, que em vários momentos foi quase um anexo do palanque de Lula, de Dilma.
Alemão, que é como um certificado bacanudo pra quem vive de mídia. Até a presidente da Petrobrás, mega capacitada, é mais conhecida por ser do Alemão.

É a República do Complexo, que me lembra a obra de Paulo Climachauska, pré-ocupação, na qual ele apresenta uma bandeira do Complexo e até um passaporte.



E o Príncipe gringo, minha língua é ferina, e posso estar errado, vem pra bater fotos com os nativos e manter esse miséncene europeu. E vai encontrar pessoas com disposição para serem súditos. Alguns brasileiros que precisam de uma sessão de descarrego pra se livrar do encosto vira-lata, pra botar a cabeça pra fora e perguntar: "E aí, meu Rei? Qual o fluxo?"

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