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sexta-feira

Favela, Cultura e Segurança



Na noite de segunda-feira (5/jul) estudantes, professores, representantes de movimentos sociais e jornalistas se reuniram na Lapa para o debate Cultura,Favela e Segurança, com a presença do deputado estadualMarcelo Freixo (PSOL/RJ), Adriana Facina, professora e pesquisadora da UFF, Ignácio Cano, professor da UERJ e o MC Leonardo, presidente da APA Funk.



Na pauta, assuntos como a preservação dos movimentos culturais das comunidades sob intervenção das Forças de Ocupação, a relação da cultura Funk com a narrativa social e as alternativas de
sobrevivência de artistas, pensadores e músicos diante das mudanças.

De acordo com os debatedores, pesquisadores de assuntos relacionados a cultura nas favelas cariocas, como a profa. Adriana Facina, a preocupação com a preservação cultural no processo de ocupação é um tema que tem sido cada vez mais abordado por agentes culturais populares, artistas e coletivos que pertencem a estas comunidads, e nelas desenvolvem atividades. É importante lembrar que em muitas delas, as únicas oportunidades de acesso à cultura são viabilizadas por estes grupos, que insistem em realizar projetos apesar das adversidades, sem recursos do governo ou do setor privado.
Segundo ela, a comunidade desenvolve laços afetivos com a cultura que produz e a estabelece como partimônio imaterial, de extrema relevancia, reconhecida pelos moradores, sem que necessariamente essas manifestações alcancem o asfalto.

E nesse processo de contínua leitura e produção, podem-se levar anos até a criação de manifestações culturais singulares e que absorvam todos os simbolos locais, seja pela musica, literatura, dança, etc.

Na mesma linha, o prof. Ignacio frisa que uma das prioridades na pauta da ocupação deveira ser a preservação dos componentes que integram a construção das linguagens culturais e a legitimidade dos seus produtores, deixando claro ainda que não concorda com as estratégias de oucpação pelo Estado.

"Simbolos afetivos, diacriticos, que identificam e oferecem pertencimento precisam, tanto quanto a integridade fisica dos moradores, ser preservados." afirma um dos estudantes no momento de debates e perguntas.


A CRIMINALIZAÇÃO DO FUNK
Foi lembrada a ocorrência que segundo MC Leonardo, confirma o desrespeito por essas manifestações e seus agentes.
Referia-se a prisão, em novembro de 2010, de MCs Frank, Ticão, Smith e Galo por acusação de apologia ao tráfico, em dezembro de 2010.

Ali, segundo o pensamento de MC Leonardo, estava clara a politica da ocupação com as culturas das favelas: a criminalização das manifestações culturais, especialmente o funk.

Obviamente, que especialistas em segurança publica e policiais nesse momento apresentarão centenas de letras e gravações do que eles mesmos denominaram há anos atrás de "Funk Priobido".

Contudo, segundo MC Leonardo APAFunk, afirma que um jovem da favela, sem acesso a educação de qualidade, cujo o único aparato do Estado que conheceu é o aparato policial, não terá no seu vocabulário mais que 50 palavras, sendo " trinta, gírias e vinte, palavrões" e em posse dessas palavras é que ele relata sua realidade.

Alguns lideres comunitarios também lembraram que até o momento, nenhuma comunidade ocupada pelas forças militares tem liberdade para realizar festas, bailes funk e de samba. Apenas uns poucos eventos são liberados, dentro de normas rígidas, após uma análise dos comandantes locais, que nem sempre atendem os pedidos.

Mais fotos do evento no Flickr Diário de Um Ativista

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